Por Bibliologia
Esta Bíblia se destaca pela tradução idiomática, ou seja, não pela transposição mecânica de palavras hebraicas, aramaicas e gregas para uma língua moderna, mas por equivalências dinâmicas proporcionais. O que se busca é reproduzir a feição das línguas antigas nas línguas atuais.
Paulus Editora lançou, no ano 2000, uma nova Bíblia, chamada Bíblia do Peregrino. A Bíblia do Peregrino foi publicada inicialmente em 1996 na Espanha. E encontra-se, hoje, traduzida em vários idiomas.
Em meio a tantas traduções existentes em português, esta não é apenas mais uma. Ela vem ocupar um espaço ainda vazio no que se refere tanto ao tipo de tradução quanto ao comentário do texto, presente nas abundantes notas e introduções.
Duas são as características mais importantes da Bíblia do Peregrino: a tradução idiomática e a abundância de notas.
A tradução idiomática sai do clima das traduções literais, que, ao reproduzirem as línguas bíblicas - grego, hebraico e aramaico - com a maior fidelidade possível, ficam prisioneiras de uma linguagem arcaica e anacrônica, enfraquecendo a mensagem pela clausura das expressões antigas. Por outro lado, a tradução idiomática não se guia por equivalências literais diretas, mas por equivalências dinâmicas proporcionais, buscando reproduzir o gênio das línguas antigas nas línguas modernas.
As notas de rodapé, que ocupam cerca de 60% da obra, foram escritas com dupla intenção: exegética e teológico-pastoral. Diz Alonso Schökel no "Prólogo" da Bíblia do Peregrino: "Quanto ao modo mais freqüente de expor, começo com uma visão global da perícope ou seção, na qual dou a orientação substancial. Dentro dessa unidade menor me detenho quando algum versículo requer uma explicação particular ou quando nos oferece algo substancioso em que nos deter. Quando o leitor desliza o olhar pela página, essas linhas concisas lhe servem de advertência: 'Preste atenção ao que diz este versículo', e certamente o leitor agradece porque o ajudaram a deter-se. E o que importa não é a linha do comentário, mas sim a frase bíblica que a nota aponta".
A intenção do autor, ao publicar esta Bíblia, foi a de oferecer um comentário completo e homogêneo de toda a Bíblia. Uma obra de uso múltiplo: para as aulas de exegese, manual de estudo pessoal, guia para meditação e pregação.
Sobre suas opções, comenta Alonso Schökel no citado "Prólogo": "O meu comentário avança com a corrente geral, no rumo já traçado por muitos. Concretamente, por uma região mediana ou moderada. O meu mentor, colocando-se no lugar de um leitor médio, recomendou-me evitar hipóteses mais audazes ou chocantes. Confesso-o, para tranqüilidade de muitos leitores, porém e mais ainda para não desautorizar outros comentadores que aceitam o risco das hipóteses com o desejo de progredir na compreensão. Não sendo especialista do NT nem de qualquer um de seus livros, eu me senti mais independente de outros comentadores nos conteúdos, embora livre na formulação.
Essa minha limitação confessa é o que define o perfil deste comentário. Sou e tenho sido por muitos anos especialista do AT, professor de teologia bíblica, quer dizer, de temas sintéticos; e autor de amplos comentários a muitos livros do AT. Como habitante espiritual do AT, reli amplamente, meditei e estudei o NT; e creio ter encontrado nele algumas ressonâncias não apontadas por outros; padrões ou estruturas, imagens e símbolos, instituições, conceitos, expressões semíticas.
Meu pressuposto hermenêutico é que os autores do NT tinham como pátria espiritual os livros que nós chamamos Antigo Testamento, e que eles denominavam Escritura ou Lei e Profetas ou designavam com o nome de Moisés, Davi etc. As citações expressas são a manifestação palpável dessa nacionalidade bíblica. Na constituição conciliar Dei Verbum descreve-se o Antigo Testamento como preparação, profecia e prefiguração. As citações do AT no Novo demonstram com que amplidão de critérios os autores consideravam a profecia e a prefiguração. Essa liberdade nos orienta, ensina e nos convida a ampliar o raio de correspondências. O que eles faziam inspirados, nós o fazemos com modéstia e confiança".
Luís Alonso Schökel nasceu em Madri. Realizou os estudos clássicos em Salamanca (1937-1940). Ensinou estilo literário em Comillas (1943-1946), onde escreveu a obra La formación del estilo (1947, 5a edição em 1968).
Estudou Sagrada Escritura no Pontifício Instituto Bíblico de Roma (1951-1954), doutorando-se em 1957 com a tese intituladaEstudios de Poética Hebrea, Barcelona, Juan Flors, 1963, 560 pp. Foi Professor de Introdução Geral à Bíblia e de Teologia do Antigo Testamento (1957-1995). Foi pioneiro no estudo da poesia hebraica, desde a sua tese de doutorado até os recentesManual de poética hebrea e Antologia de poesia bíblica hebrea, sem abandonar nunca o contato direto com escritores de língua espanhola e estrangeiros.
Autor (com vários colaboradores) de uma tradução do Antigo e do Novo Testamento baseada na análise estilística comparativa. Publicou mais de cinqüenta obras, desde La palabra inspirada (traduzida para seis línguas - em português: A Palavra Inspirada. A Bíblia à luz da ciência da linguagem, São Paulo, Loyola, 1992) até o monumental e recente Diccionario Bíblico Hebreo-Español, traduzido pela Paulus em 1998.
A Capa da Edição Brasileira:
A Capa de Cláudio Pastro - especialista em arte sacra - é uma síntese da proposta dessa Bíblia. O desenho mostra a caminhada de fé (velas) do povo de Deus (homens e mulheres) liderada por Jesus Mestre e Pastor, Caminho, Verdade e Vida. Ele é o centro de toda a Bíblia.
Sentado no trono, como rei, traz na mão direita um cajado encimado por uma cruz (Pastor que conduz e dá a vida), e na mão direita um livro (Mestre) com a expressão "EU SOU", que é o nome de Deus revelado a Moisés, segundo Ex 3,14 e é uma expressão forte do evangelho de João, com a qual Jesus é equiparado ao Pai (Jo 8,24.28).
Dos pés de Jesus partem quatro rios, lembrando os quatro braços do rio que saía do paraíso terrestre (Gn 2,11-14) e fazem pensar nas águas que nascem do trono de Deus e do Cordeiro (Ap 22,1).
O Jesus que lidera a marcha do povo peregrino é Caminho que conduz para o Pai; é Verdade porque dá a conhecer o projeto de Deus; é Vida (água) que jorra abundantemente para todos.
A Bíblia do Peregrino em sua versão completa (Antigo e Novo Testamentos) foi publicada em novembro de 2002. Entre outras características, a Paulus destaca três pontos:
- A Bíblia com maior volume de notas editada no Brasil
- Texto bíblico que mais se destaca pela beleza literária
- Obra longamente amadurecida de um dos maiores biblistas do século XX.
A edição brasileira é de responsabilidade dos exegetas: José Bortolini, Ivo Storniolo (tradução do texto bíblico) e José Raimundo Vidigal (vocabulário, introdução e notas).
Organizada por Luis Alonso Schökel (1920 - 1998 ) como Biblia del Peregrino - edicion de estudio 1997. 1ª edição no Brasil em 2002.
Catálogo: Bíblico
Assunto: Bíblia Sagrada
Acabamento: Capa Dura
Idioma: Português
Edição: 2ª
Número de Páginas: 3.056
Editora: Editora Paulus
Peso (em gramas): 1404g
Ano: 2006
Dimensões (cm): 13.7 (larg) x 21 (alt)
ISBN: 8534920052
Excelente bíblia, em especial pelo texto mais "digerível" em termos de "facilidade de leitura". Infelizmente peca (como a Bíblia de Jerusalém) na questão da formatação, ou seja, "pouco espaço para muito texto". Deveria ser "no mínimo" algo como 16x25 e não os 13.7x21!!!
ReplyDeleteEsta é a Bíblia que mais uso.
ReplyDeleteNao gosto da formatacao fica muito ruim para ler poderia ser como a bíblia NVI evangélica que é muito bem formatada em capa tamanho letra e tudo
ReplyDeleteEsta Bíblia católica é excelente, tanto para quem quer crescer na espiritualidade quanto para quem crescer no conhecimento teológico. Excelentes notas explicativas e uma tradução atual. Tenho, estudo com ela e a recomendo para todos.
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